Tudo que é Sólido Desmancha no Ar
Para a reflexão do dia, eu retomo um texto meu escrito em meados de 2011 e que traz algumas reflexões importantes, tendo como base o livro de Marshall Berman que, ao meu ver, é leitura básica para entender a sociedade contemporânea. Espero que a leitura os faça pensar, acima de tudo, pois a intenção é discutir a modernidade e não esgotar o assunto.
"Tudo o que é sólido desmancha no ar". É com essa frase de Marx que Marshall Berman intitula seu livro publicado na década de 1980, no qual acompanha e analisa a "aventura da modernidade". Foi a partir dessa obra que comecei a pensar efetivamente sobre o que alguns chamam de "revolução permanente" que acontece no Capitalismo e no mundo ocidental. Estaríamos vivendo numa época em que tudo se transforma incessantemente, numa época que tudo o que acreditamos cai em descrédito, todos os nossos valores são mudados, não temos algo a que possamos chamar verdadeiramente de nosso?
Que o mundo passa por transformações numa velocidade assustadora, ninguém discorda. Mas isso não seria algo bom para o Homem? Por que então é justamente essas mudanças que estão nos jogando numa era de "ausência de valores", onde "tudo que é sagrado é profanado"? Sinceramente, penso ser essa uma característica demasiadamente capitalista. Essa "ausência de valores" talvez seja uma consequência daquilo que os frankfurtianos chamam de "indústria cultural", por que você consome algo que não lhe faz sentido, e sim, uma cultura que não é a sua, vendida como se fosse uma mercadoria qualquer.
O capitalismo, levando em consideração o ser humano em relação ao seu poder de compra, reduziu nossos valores, nossa cultura, a uma mera mercadoria, em que o mais importante é o lucro de quem a produz. Como é que isso não vai criar um "vazio cultural"? Como é que isso não vai destruir tudo o que acreditamos, a partir de um momento que o que acreditamos não vender mais e ser demonizado pelo mercado?
Claro que essa experiência tem algo positivo, como a crescente globalização em que estamos inseridos, porém, até mesmo esse conceito de "globalização" precisa ser revisto, tendo em vista o caráter desigual das forças envolvidas. Enfim, vivemos numa era de transformações, numa era de união, embora, nos dizeres de Berman, "uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade: ela nos despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambiguidade e angústia."
Para Saber Mais
Tudo que é Sólido Desmancha no Ar - Marshall Berman